Decidir morrer. A decisão da morte é o caminho daqueles que, simplesmente, não encontram caminhos. Hoje, tenho a certeza indubitável da falta de esperança na vida. O cotidiano massacrante, autofágico em sua insensatez. Perder a tal fé - que muitos alimentam para sustentar uma realidade menos dolorida e mais fantasiosa – vale a pena? Minha fé transpassou por todas as vertentes imagináveis, do candomblé e da umbanda, até sinagoga, protestante e terapia do amor na igreja evangélica. Não reclamo de falta de amor, já que este nunca foi meu objetivo de vida. Muitos dizem que a fé reacende com um grande amor ou com uma religião. Pois bem, nada disso funcionou, nem mesmo as famosas tarjas antidepressivas. Reivindico um mundo. Reivindico simplicidade no viver. Anunciam por ai minha dureza para com o mundo e comigo mesma, mas cheguei à conclusão deste comportamento: uma mera (e esperada) reprodução dos movimentos externos. Sinto o peso da injustiça em meus ombros. Sinto o peso da desigualdade em minha coluna nada esguia. Sinto as dores cotidianas de um suicida. O que ainda me mantém viva nesse mundo? Claro que sou eu, mas por que ainda insisto? Talvez pela curiosidade do porvir, pela animosidade de fazer parte de alguma mudança, pelo amor que sinto pelos meus próximos. Sentia-se fraca, quase a desmaiar em calçadas lavadas por bêbadas em desalento. Parada em uma banca de jornais, não encontrava explicação ou razão para viver. Em um ato mais do que generoso, compartilhando da loucura e da insanidade coletiva, jogou-se. Atirou-se como pedrinhas ao lago. Tão suave que quase ninguém ouviu seu mergulho aquém vida. Enfim, sentia-se viva e teve seu último pensamento às vistas do asfalto: “Um ato singelo pode calar as dores e trazer à tona a simplicidade tão sonhada - muito melhor do que morfina”. Sim, obrigada. Caíra na eternidade dos braços de Morfeu.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Decisões de Morfeu
Decidir morrer. A decisão da morte é o caminho daqueles que, simplesmente, não encontram caminhos. Hoje, tenho a certeza indubitável da falta de esperança na vida. O cotidiano massacrante, autofágico em sua insensatez. Perder a tal fé - que muitos alimentam para sustentar uma realidade menos dolorida e mais fantasiosa – vale a pena? Minha fé transpassou por todas as vertentes imagináveis, do candomblé e da umbanda, até sinagoga, protestante e terapia do amor na igreja evangélica. Não reclamo de falta de amor, já que este nunca foi meu objetivo de vida. Muitos dizem que a fé reacende com um grande amor ou com uma religião. Pois bem, nada disso funcionou, nem mesmo as famosas tarjas antidepressivas. Reivindico um mundo. Reivindico simplicidade no viver. Anunciam por ai minha dureza para com o mundo e comigo mesma, mas cheguei à conclusão deste comportamento: uma mera (e esperada) reprodução dos movimentos externos. Sinto o peso da injustiça em meus ombros. Sinto o peso da desigualdade em minha coluna nada esguia. Sinto as dores cotidianas de um suicida. O que ainda me mantém viva nesse mundo? Claro que sou eu, mas por que ainda insisto? Talvez pela curiosidade do porvir, pela animosidade de fazer parte de alguma mudança, pelo amor que sinto pelos meus próximos. Sentia-se fraca, quase a desmaiar em calçadas lavadas por bêbadas em desalento. Parada em uma banca de jornais, não encontrava explicação ou razão para viver. Em um ato mais do que generoso, compartilhando da loucura e da insanidade coletiva, jogou-se. Atirou-se como pedrinhas ao lago. Tão suave que quase ninguém ouviu seu mergulho aquém vida. Enfim, sentia-se viva e teve seu último pensamento às vistas do asfalto: “Um ato singelo pode calar as dores e trazer à tona a simplicidade tão sonhada - muito melhor do que morfina”. Sim, obrigada. Caíra na eternidade dos braços de Morfeu.
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